O PSD já teria batido o martelo para que o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad assuma o diretório municipal do partido em fevereiro, com a missão de reestruturar a legenda e evitar uma possível “debandada” motivada pelo fraco desempenho nas eleições gerais do ano passado.

De acordo com fontes ouvidas pelo Correio do Estado, ele recebeu o aceno de pelo menos dois vereadores da Capital interessados em filiar-se à sigla com o retorno do ex-gestor ao comando do diretório municipal.

No entanto, conforme essas mesmas fontes, esses dois vereadores, os quais não tiveram os nomes informados para evitar problemas políticos na eventualidade de ambos desistirem da transferência de partido, condicionaram a migração para o PSD à saída do vereador Junior Coringa da sigla.

O partido já dá como certa a saída do vereador Tiago Vargas, em razão dos posicionamentos tomados pelo parlamentar nas eleições do ano passado, quando, no 2º turno, declarou apoio ao candidato do PSDB, Eduardo Riedel, para governador, principal adversário de Marquinhos no pleito.

Correio do Estado também apurou que o vereador Silvio Pitu anda insatisfeito com o partido e fala nos bastidores em deixá-lo.

Após a acachapante derrota na eleição para governador do ano passado, quando ficou em sexto lugar, depois de aparecer nas pesquisas como um dos favoritos, ele teria dito a interlocutores mais próximos que o momento é de reorganizar a legenda, mas a verdade é que a sigla está enfraquecida e com grande possibilidade de debandada de vereadores, principalmente na Capital.

Além disso, outro reflexo desse enfraquecimento é o fato de as lideranças estaduais do partido terem perdido espaço em Brasília (DF).

A decisão equivocada do presidente estadual do PSD, senador Nelsinho Trad, de declarar apoio à candidatura do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) também contribuiu para o afastamento dos caciques nacionais, que apostaram na candidatura vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, em troca, ganharam os ministérios de Minas e Energia (Alexandre Silveira), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Carlos Fávaro) e da Pesca e Aquicultura (André de Paula).

Agora, cabe a Marquinhos Trad a reestruturação do PSD na Capital e também no interior, além da manutenção dos mais de 80 vereadores que a legenda tem em Mato Grosso do Sul.

O ex-prefeito terá a difícil missão de “estancar” a vazão de parlamentares que já se anuncia para a próxima janela partidária, bem como de filiados, contribuindo, assim, com a manutenção da força do partido, já de olho nas eleições municipais de 2024.

Nelsinho Trad confirmou ao Correio do Estado que os diretórios municipais do partido em Mato Grosso do Sul passarão por uma reestruturação. “Deixarei para recompor os diretórios municipais só após o Carnaval. Logicamente, quem quiser e puder vir para somar na PSD será bem-vindo”, afirmou.

Derrotas

Nas eleições deste ano em Mato Grosso do Sul, o PSD concorreu aos cargos de governador, com Marquinhos Trad, senador, com juiz Odilon, e deputado federal, com Fábio Trad, Adailton Lima, Chicão Vianna, Claudinha Maciel, Jameire Santos, Jorge Martinho, Junior Coringa, Léo Matos e Marluce Bueno, mas todos foram derrotados.

A única vitória do partido foi para deputado estadual, com Tiago Vargas, mas ele teve a candidatura indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) e acabou sendo eleito Pedro Pedrossian Neto, o que se transformou em uma verdadeira batalha judicial, com troca de acusações de ambos os lados.

Além disso, as urnas mandaram de volta para casa dois fortes integrantes do clã Trad, que está há quase seis décadas na vida pública do Estado e foi reduzido a ter apenas dois representantes na política: o senador Nelsinho e o vereador Otávio Trad, que não conseguiu se eleger como deputado estadual, mas continua por mais dois anos na Câmara Municipal de Campo Grande.

O ex-prefeito Marquinhos Trad, que chegou a liderar as pesquisas eleitorais na corrida para governador, ficou em sexto lugar, com 124.795 votos, ou seja, apenas 8,68% do eleitorado estadual.

Ele renunciou ao cargo no Executivo municipal para disputar a cadeira da Governadoria e, agora, ficou sem mandato, mesmo tendo um histórico de vitórias em eleições como vereador da Capital, deputado estadual e prefeito, em dois pleitos.

No entanto, a investigação policial por supostos crimes sexuais praticamente sepultou o nome dele para a política em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul por um bom tempo. O deputado federal Fábio Trad também não conseguiu ser reeleito, ao obter 43.881 votos.

O reflexo de tudo isso é a perda de influência por parte do senador Nelsinho Trad, que iniciou o mandato no Senado na crista da onda, sendo uma das lideranças nacionais do PSD e nome forte junto do então presidente Jair Bolsonaro, que até o contou para assumir um ministério, porém, o fracasso do partido no Estado e a aposta no cavalo perdedor acertaram em cheio o parlamentar sul-mato-grossense.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO