No local, o autor chegou a negar para a PM que a vítima estava na residência, mas adentrando a casa os policiais puderam constatar as cenas.
Encaminhada para delegacia, a vítima relatou que no sábado, quando voltavam para casa, ainda no carro, o agressor teria desferido um “mata leão”, tentando enforcar a jovem, momento esse em que ela desmaia, já acordando na residência do autor.
Instrumentos de tortura
Classificado como ciumento, a delegada afirma que o autor teria lançado álcool na cara da vítima, após ela acordar de um desmaio.
“Em seguida, na posse de uma balança de peso, ele desfere dois golpes na região da face da vítima, que começa a gritar”, sendo ameaçada em seguida pelo agressor, para que mantivesse o silêncio.
Depois desses dois golpes, o agressor pega então um ferro de passar roupa, soltando primeiramente o vapor quente na cara da vítima, que coloca as mãos para se defender. Ele então ordena que ela retire as mãos, e depois encosta o ferro quente na face da jovem.
“Em seguida ele amarra a vítima, seus pés e seus punhos, com essa fita ‘silver tape’ e joga água quente nas regiões da virilha da vítima. Ela apresenta a face toda agredida e com queimaduras em várias partes do corpo”, aponta a delegada.
Seguindo o relato, a delegada explica que, depois, ele ainda pede que a vítima fique nua e enquanto a jovem estava com mãos e pés amarrados, ele utiliza um isqueiro bic e um inseticida, utilizando os dois como maçarico para queimar algumas regiões do corpo da jovem.
“De acordo com a vítima ele fazia isso muito lentamente e também, usando esse método, ele chegou a queimar não só regiões do corpo da vítima, mas também os cílios, sobrancelha, perna, coxa, lábio, braço e também o seio esquerdo da declarante”, aponta a delegada.
Conforme a Dra. Elaine, ele ainda teria pego um fogareiro, daqueles usados para acender carvão de narguilé, e encostou na perna da vítima para queimar a jovem.
“Pediu pra que ela fosse tomar tomar banho. Novamente ele queimava a vítima, fazendo com que alguns cabelos, grandes tufos, caíssem ao chão”, complementa a titular da Deam.
Em seguida o casal chega a uma relação sexual que, conforme declarado pela vítima, não foram consensuais. “Ela manteve relação por puro medo, obviamente, por toda situação que ela já se encontrava”, pontua.
Ainda, a medida tomada pelo autor de ir até a farmácia para comprar remédios, como pomadas para cicatriz e queimaduras, seria porque ele dizia que a vítima só saíria de lá quando estivesse curada das agressões, para que isso não servisse de provas contra o agressor.
Na manhã desta segunda-feira (31) o acusado, já preso em flagrante na Delegacia, pediu para prestar um depoimento complementar para confessar alguns pontos, uma vez que negou inicialmente todos os fatos.
Durante esse tempo que passaram juntos, de um ano e quatro meses, não há boletins de ocorrência. Porém, segundo a delegada, há outras situações dele, com outras vítimas, relatando violências domésticas.
“Foi nos falado que era uma pessoa bastante abusada [o agressor]. No local se recusou a cooperar, negou a presença da vítima, tanto que foi importante o uso de força moderada pela Polícia Militar, para que pudesse contê-lo”,
Antes de a polícia chegar ao local, na segunda (30), ele teria ameaçado a jovem com uma vaga na barriga da vítima. Conviventes, os dois não moravam juntos e chegaram a terminar o namoro, quando o relacionamento ainda beirava os quatro meses de duração, mas reataram em seguida.
Por fim, o agressor, descrito no boletim de ocorrência como “estudante”, ainda possuía um comércio recente – localizado na Av. Júlio de Castilho -, que passou a tocar junto com a então namorada.
“De certo ela solicitou medida protetiva, passou pelo setor psicossocial, e agora é esperar que a família dê esse acolhimento principal, porquê não só as marcas físicas, esse tipos deixam principalmente marcas psicológicas”, finaliza a delegada Elaine Cristina Ishiki Benicasa.