Com as declarações dadas em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (6), foi possível notar que Sophia de Jesus Ocampo, assassinada aos dois anos de idade, vinha sendo violentada há pelo menos um ano, já que o primeiro boletim de ocorrência registrado contra os agressores da criança data de 31 de janeiro de 2022.
De acordo com o titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adiolescente (Depca), este boletim de ocorrência foi registrado pelo pai da criança, Jean Carlos Ocampo, no ano passado, quase um ano antes da criança ser brutalmente assassinada.
Na queixa, ele alegou que a criança tinha sinais de maus-tratos e acusou Stephanie de Jesus, de 25 anos, e Christian Leitheim, de 24 anos, mãe e padrasto de Sophia, pelas agressões.
Ainda segundo as informações, o pai da criança procurou a Depca após a avó materna de Sophia entrar em contato com ele para contar que sua neta estava sofrendo agressões em casa. Contudo, quando foi chamada para prestar esclarecimento, na fase de instrução, ela voltou atrás e negou que Sophia era violentada.
“Durante a instrução ela desmentiu os fatos e que não tinha falado isso. Explicou que a genitora poderia estar nervosa em virtude da gravidez e a mãe, quando foi ouvida, também negou”, detalhou durante a coletiva.
Ainda em seu depoimento, Stephanie afirmou que assistentes sociais visitaram a casa onde a família morava, mas não constataram qualquer sinal de que a criança estava sofrendo maus-tratos.
Posteriormente, foi expedida uma requisição de exame de corpo de delito e o processo foi encaminhado para o Poder Judiciário em março do ano passado. Assim, foi marcada uma audiência preliminar, mas o pai afirmou que naquele momento ele não queria dar prosseguimento porque acreditava que as agressões não estavam mais acontecendo.
A delegada ainda relatou na coletiva que, no dia 22 de novembro, Jean foi à delegacia mais uma vez, momento em que houve uma tentativa de realizar um depoimento especial com a criança.
No entanto, segundo a Anne Karine, Sophia apenas falou o seu nome e sua idade. A titular ainda ressaltou que a escuta foi respaldada pela Lei Henry Borel – criada após o menino de 4 anos, que dá nome à lei, ser morto também em decorrência de maus tratos.
“A criança passou por depoimento especial com uma equipe multidisciplinar, com profissionais capacitados para que ela revelasse elementos para que a gente pudesse imputar a alguém a prática do crime ou verificar a existência. Mas a Sophia só disse o nome dela e a idade”, explicou.
O pai, por sua vez, não acusava a mãe diretamente, apenas dizia que desconfiava que a menina estava sofrendo maus-tratos, mas, de acordo com a delegada, naquele momento, ele não via necessidade e não tinha elementos suficientes para pedir uma medida protetiva de urgência.
“Ouvimos novamente a mãe, que afirmou que não estava acontecendo qualquer agressão e acreditava que o pai estava fazendo isso porque queria a guarda da criança”, relatou a delegada.
Após todos os trâmites um outro Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) foi encaminhado para o Poder Judiciário.
FONTE: CORREIO DO ESTADO