No fim da manhã desta terça-feira (28) a servidora pública municipal Albynna Freitas, de 49 anos, foi esfaqueada pelo ex-marido, Jair Paulino da Silva, de 52 anos, enquanto caminhava em direção ao trabalho.
O crime aconteceu no bairro Nova Lima, em um local público. Segundo testemunhas, fazia poucos dias que o casal havia terminado, e Jair já estaria perseguindo a vítima há alguns dias, para tentar reatar o relacionamento.
“Ela estava andando até o trabalho e foi abordada por ele no meio da rua, com alegações, discussões. Um terceiro interveio, pediu para que ele saísse dali, porque ele estava alterado, e quando as pessoas dissiparam, ele a atacou novamente, já com a faca”, explicou Karen Viana de Queiroz, delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) responsável pelo caso.
Albynna Freitas foi socorrida em estado grave e encaminhada à Santa Casa de Campo Grande. Segundo o hospital, a vítima veio a óbito por volta das 13h30, após uma parada cardiorrespiratória.
Durante o socorro, a servidora municipal chegou a conversar com um dos médicos sobre a perseguição do ex-marido.
“Hoje ela havia alegado também, enquanto ainda estava sendo atendida pelo médico, que ele já havia ido atrás dela, pedido satisfação, e a agredido”, informou a delegada.
No início de fevereiro, Albynna havia realizado um pedido de medida protetiva contra o ex-marido, e a delegada confirmou a existência de um Boletim de Ocorrência anterior ao último pedido.
À polícia, Jair assumiu a autoria do crime, mas negou que teria sido premeditado. No entanto, o autor do crime estava armado, e mensagens encontradas em seu celular apontam que o ex-marido já cogitava tomar medidas em relação à ex-mulher.
“Ele confessou, agora a pouco, que ele fez isso realmente. Embora ele tenha dito que não havia premeditação, por ele ter ido armado, pelas mensagens que a gente conseguiu verificar e levantar, realmente ele já foi com a intenção de ceifar a vida da vítima”, ressaltou a delegada. “Ele conversava com pessoas próximas, colegas, amigos, sobre o quanto ele estava infeliz, o quanto ele estava triste, que ele não aguentava mais, que ele queria morrer”, acrescentou.
A arma utilizada foi apreendida, e Jair foi preso em flagrante. Segundo a delegada, será realizado pedido de prisão preventiva, e o autor deverá responder em regime fechado.
A Secretaria Municipal de Educação (Semed), em nota, manifestou sua solidariedade aos familiares e amigos da vítima, que trabalhava na Escola Municipal Nazira Anache.
Um triste histórico
O caso é o 5° de feminicídio em Mato Grosso do Sul no ano de 2023. O Estado registra, em média, um feminicídio a cada 11 dias.
O primeiro caso do ano foi registrado em Campo Grande, no dia 13 de janeiro. Claudineia Brito da Silva, de 49 anos, foi morta pelo seu marido, também a facadas.
Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, em 2022, Mato Grosso do Sul registrou o recorde de casos deste tipo de violência contra a mulher desde que a lei foi instituída, em 2015. Foram 49 vítimas.
Em 2021, o Estado registrou 35 feminicídios. No ano de 2020, 40 mulheres foram mortas por serem mulheres. Em 2019, foram 30 vítimas desse tipo de crime. Em 2018, 36 mulheres foram vítimas de feminicídio..
Em 2017, o número de vítimas foi de 28 mulheres, apenas em MS. No ano de 2016, o Estado computou 35 feminicídios, 20 a mais que as 15 vítimas registradas em 2015
Os dados são da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
FONTE: CORREIO DO ESTADO