A Petrobras anunciou uma redução no preço médio do diesel para as distribuidoras e a tendência é de que haja nova queda, avaliam especialistas. O preço médio do litro do diesel em Mato Grosso do Sul deve ter redução de R$ 0,16 nos próximos dias.

O anúncio foi de corte de 4,5% no preço de venda nas refinarias, o que equivale a R$ 0,18; enquanto nas bombas a redução será de cerca de R$ 0,16, conforme o diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniências (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto.

O corte no preço de venda começa a valer a partir de hoje, mas não há um prazo para que a redução chegue aos postos de combustíveis.

A reportagem do Correio do Estado percorreu alguns postos da Capital na tarde de ontem, e o preço médio do litro do diesel encontrado foi de R$ 5,95. O maior valor encontrado foi de R$ 6,19, e o menor, R$ 5,79. O valor médio do litro da gasolina, que foi reajustado no começo do mês, estava em R$ 5,05, com valor mínimo de R$ 4,89 e máximo de R$ 5,29.

O Correio do Estado apurou que, além das quedas recentes nos preços repassados por refinarias e distribuidoras, também há uma redução na demanda e, consequentemente, nas vendas. Em Campo Grande, alguns donos de postos falam em uma comercialização de combustíveis até 20% menor desde o início do mês.

Mercado internacional

O anúncio atual corresponde à segunda redução feita pela entidade desde o novo comando da companhia, por Jean Paul Prates, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A redução visa aliviar a pressão sobre os preços, diante de situações como a reoneração dos impostos federais, que começou no início do mês. E, de acordo com especialistas, há tendência de mais queda nos preços.

“É fundamental neste momento reduzir a pressão sobre os preços, uma vez que a tendência da inflação é aumentar. Como o diesel faz parte do processo produtivo da maioria dos produtos e do valor do frete, a redução ajuda a manter preços ou até diminuir, em alguns casos”, comenta o economista Michel Constantino.

A tendência de queda também tem a ver com o cenário internacional. A própria Petrobras, em seu comunicado oficial, menciona a redução como estratégia para manter a competitividade.

“Essa redução tem como objetivos principais a manutenção da competitividade dos preços da Petrobras ante as alternativas de suprimento dos nossos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos de refino”, diz o comunicado.

“Temos uma desaceleração das economias no mundo, que demanda menos combustíveis, e este pode ser um cenário positivo para novas reduções nos preços”, avalia Constantino.

Conforme reportagem da Folha de S.Paulo, esse movimento já é esperado pelo mercado, uma vez que a Petrobras vinha praticando preços acima da paridade de importação (conceito que simula quanto custaria para importar o produto) há aproximadamente duas semanas.

A reportagem ainda cita que, ontem, o preço médio do diesel nas refinarias da estatal estava 3%, ou R$ 0,10 por litro, acima da paridade, conforme cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Analistas do banco Goldman Sachs estimam que, após o corte, o preço do diesel vendido pela Petrobras fique em linha com a cotação do Golfo do México, principal mercado exportador para o Brasil. Embora a gasolina esteja 12% mais barata, dizem, as margens de refino da empresa permanecem em “níveis saudáveis”.

No mercado futuro, a tendência é de que o barril de petróleo se mantenha estável nos próximos dois meses, sendo vendido a valores próximos da cotação de ontem, de US$ 75,83. Neste mês, porém, o barril chegou a cair para US$ 70, indicando uma pressão para baixo no preço dos combustíveis.

Análise

O economista Eugênio Pavão comenta que o diesel é assunto de interesse mundial e que se tornou uma problemática desde a guerra na Ucrânia.

“O diesel é um problema na questão da oferta mundial, e a guerra trouxe dificuldades além das que já existiam. O risco de desabastecimento do diesel rondou o mercado no ano passado, com a possibilidade de racionamento, o que impediu o governo de mexer nos preços do diesel. Como o impacto é bastante significativo na inflação, o atual governo optou por reajustar a gasolina”, explica.

Ainda de acordo com Eugênio Pavão, a margem para diminuir ainda mais o preço do diesel depende de fatores externos também, como o comportamento de produtores internacionais.

“A queda do diesel nas distribuidoras mostra a disposição do governo em tentar manter os níveis de preços gerais, evitando que a inflação se espalhe pela economia, e também mantém a categoria dos caminhoneiros tranquila. A margem para baixar mais o diesel é uma incógnita, pois depende do comportamento dos produtores internacionais”, opina.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO