O jornalista Sandro Almeida de Araújo, de 46 anos, que investiga a área de Segurança Pública foi agredido às 7h45 da 6ª feira (2jun.23), por quatro policiais militares no município de Nova Andradina (MS).
Ele registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e acusou os servidores do estado, todos à paisana, por agressões e tortura, por insatisfação com seu trabalho de comunicador.
Imagens da câmera de segurança da casa do comunicador mostram o grupo desembarcando de uma caminhonete L-200. Um dos suspeitos dá uma gravata no jornalista, enquanto dois seguram os braços e derrubam o profissional no chão.
No vídeo, os filhos da vítima saem de casa e tentam ajudar o pai. Na sequência o jovem entra e volta com a irmã. Os PMs pareciam ter a intenção de levar o jornalista para a caminhonete, mas ele resistiu e com a chegada dos filhos, os PMs soltam o jornalista.
A secretaria estadual de Segurança Pública reconheceu que os agressores são policiais militares. Um deles estava de folga, outro de licença médica e o terceiro trabalhava no batalhão ambiental. O jornalista diz que eles não se identificaram como policiais. As imagens mostram que eles não estavam fardados.
Araújo acredita que a ação foi motivada pela sua cobertura no setor de segurança pública. Conforme o boletim de ocorrência, os policiais revistaram o carro dele à procura de fogos de artifícios e faixas. Os objetos seriam usados para comemorar a transferência de um comandante da Polícia Militar (PM).
O secretário Antônio Carlos Videira que um dos policiais militares estava de folga, outro cumpria licença médica e um outro policial é militar ambiental, em entrevista à TV Morena. Três deles são lotados em Nova Andradina e um em Bonito (MS).
“INCABÍVEL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO”, DIZ SINDICATO
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados declarou repúdio ao crime. “Em um estado democrático de direito é incabível a agressão por parte de agentes do Estado contra qualquer cidadão, muito menos contra um jornalista em razão da sua profissão”, diz nota.
No comunicado, o Sindicato apontou que os militares estavam armados, alertou que as agressões foram motivadas pelo trabalho investigativo do profissional e criticou o comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.
“O Sinjorgran espera que o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Carlos Videira, determinem a pronta investigação desse grave crime de tortura contra o jornalista Sandro de Almeida Araújo, punindo com o rigor da lei aqueles que deveriam usar a nobre profissão de agente da lei para proteger o cidadão e não para perseguir, agredir e torturar um jornalista em razão do seu trabalho constitucional de informar a sociedade”, escreveu o Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados
NOTA DA PM
O Comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informa que já está tomando todas as medidas necessárias para elucidar os fatos ocorridos na data de 02 de junho, na cidade de Nova Andradina, na qual esteve envolvido o cidadão Sandro de Almeida Araújo. Será instaurado procedimento administrativo para apurar as circunstâncias, bem como a conduta dos policiais militares envolvidos nessa ocorrência.
A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul é formada por mulheres e homens que diariamente servem a sociedade sul-mato-grossense mesmo com o risco da própria vida e, em respeito a esses policiais militares e a toda comunidade atendida pela Corporação, o Comando da PMMS, reafirmando o compromisso da instituição com o fiel cumprimento das leis, tem total interesse em elucidar as circunstâncias do fato citado.
Ademais, a PMMS é uma instituição que preza e promove o Estado Democrático de Direito, o qual se solidifica, também pelo livre trabalho da imprensa, segmento que atua em harmonia com a Corporação, inclusive, incentivando o aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido pela Polícia Militar.
FONTE: MS NOTICIAS