Presidida pela deputada federal Camila Jara (PT), foi lançada nesta 4ª feira (2.ago.23), a Frente Parlamentar em Defesa do Pantanal, que visa discutir políticas públicas que possam garantir o desenvolvimento sustentável da maior planície alagada do mundo. A íntegra da justificativa para criação da Frente.
O ato de lançamento da Frente ocorreu na Câmara dos Deputados em Brasília, com show do trio de músicos sul-mato-grossenses: Guilherme Rondon, Celito e Gilson Espíndola.
Durante cerimônia, a deputada sul-mato-grossense destacou que uma das missões específicas será combater o avanço nocivo da agropecuária no bioma.
“A gente que cresceu em contato com o Pantanal e com o Cerrado sabe bem qual o impacto da natureza na qualidade de vida das pessoas. Temos que ampliar a discussão sobre desenvolvimento sustentável, créditos de carbono e turismo de base comunitária porque trazem benefícios econômicos diretos para nosso povo enquanto conservam o ambiente. Mas para nós, é mais do que economia. É a garantia de futuro para nossas crianças e para as gerações que virão”, argumentou Camila, que cresceu em Campo Grande (MS).
Para a petista, abrir novas áreas de plantio e de pastagens no Pantanal causará mais queimadas, erosões e secas, fenômenos que mudam o ciclo da vida e ameaçam a biodiversidade.
Uma das missões da Frente é criar uma Lei federal de proteção ao Pantanal, a partir de escuta ativa das pessoas que vivem no bioma ou são afetadas por ele, como rodas de conversa, plenárias e audiências públicas.
Além de Camila, a Frente é composta pelos também deputados federais de MS, Dagoberto Nogueira (vice-presidência) e o deputado Vander Loubet (PT/MS), que é o coordenador de articulação política.
A cerimônia de lançamento da frente contou com a participação de cerca de 150 pessoas, dentre as quais estiveram representantes de ONGs, institutos, universidades e movimentos sociais ambientalistas. Eis uma lista de confirmações:
- SOS Pantanal e WWF Brasil;
- Instituto Gaia de Pesquisa e Educação Ambiental do Pantanal;
- Instituto Homem Pantaneiro;
- Projeto Documenta Pantanal;
- Defensoria Pública da União (DPU),
- Universidade de Brasília (UNB);
- Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS);
- Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT);
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);
- Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS);
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST);
- Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF);
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
APOIO MASSIVO
A proposta da Frente em Defesa do Pantanal foi apoiada por 199 parlamentares. Publicamos aqui no MS Notícias, a lista de parlamentares que se posicionaram em favor da proteção do Pantanal.
De Mato Grosso do Sul, apenas os deputados federais Beto Pereira (PSDB) e Rodolfo Nogueira, esse último mais conhecido como “Gordinho do Bolsonaro”, do PL, não se comprometeram em ajudar na defesa da maior planície inundável do mundo.
GANÂNCIA
Considerado patrimônio natural da humanidade, o Pantanal abriga, cerca de 212 espécies de mamíferos, 269 de peixes, 98 de répteis, 650 de aves e 1800 de plantas, em seus mais de 250 mil quilômetros quadrados.
O bioma é composto por oito rios que formam a bacia hidrográfica do Alto Paraguai. As águas pantaneiras são fundamentais para a locomoção, atividade econômica e sobrevivência das comunidades indígenas e ribeirinhas da região.
Apesar do valor vital do Pantanal, a bancada do agronegócio, que tem muitos membros oriundos do Mato Grosso, querem conseguir aval para ampliação da criação gado e plantio de soja no Pantanal, algo que já vem acontecendo.
Em abril desse ano, inclusive, o Projeto Documenta Pantanal mostrou que o bioma corre risco de perder 10 mil hectares de vegetação nativa. Isso porque os proprietários da Riuma Agropecuária LTDA, donos da Fazenda Santa Maria, localizada nas margens do Rio Paraguai, em Corumbá (MS), solicitaram ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) uma licença ambiental para transformar a área em pastagem para o gado. A prefeitura corumbaense marcou uma Audiência Pública para que os pecuaristas pleiteassem o direito de destruir a gigantesca área pantaneira.
FONTE: MS NOTICIAS