O que já era forte pode ficar ainda mais forte neste ano. A posição do governo de Eduardo Riedel na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), que já era dominante, deve ficar ainda mais poderosa neste ano eleitoral, caso a previsão de o secretário Pedro Caravina (PSDB) deixar a secretaria de Governo e Gestão Estratégica (Segov) neste primeiro trimestre se concretize.

Com o parceiro político número 1 de Eduardo Riedel na Casa de Leis, o entendimento de muitos deputados, que aproveitavam uma certa tranquilidade gerada por uma maioria esmagadora do governo na Assembleia para se furtar de defender o governo de algumas críticas, mudaria.

Com Caravina lá dentro, o espaço da Assembleia Legislativa ficaria muito pequeno para deputados da base aliada que costumavam criticar o governo nos bastidores, geralmente usando Caravina como alvo das críticas para poupar Riedel.

E mais: com a ida de Caravina, um parlamentar disse ao Correio do Estado que o campo de batalha para os oposicionistas declarados ao governo do Estado no primeiro ano de mandato, caso dos bolsonaristas João Henrique Catan (PL) e Rafael Tavares (PRTB), ficaria totalmente diferente.

É que, com o deputado estadual e ex-secretário de governo na Alems, a defesa de Riedel e da administração seria imediata, assim como as notícias de bastidores da Assembleia deverão chegar mais rapidamente aos ouvidos do governador do Estado, e com menos interferências.

Apesar do recesso legislativo, os movimentos dentro da Assembleia estão ocorrendo. No caso de João Henrique Catan, o Correio do Estado apurou que ele já buscou contato com o governo, por meio de emissários, interessado em cessar a oposição a tudo que o governo propõe na Casa. Ainda não houve devolutiva pelo lado da Governadoria.

No gabinete do deputado, a avaliação é de que a oposição à Lei do Pantanal, consenso construído por Eduardo Riedel, que conseguiu unir ambientalistas, como a ONG SOS Pantanal, e também entidades conservadoras, como a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), deixou o deputado ainda mais isolado.

No caso de Rafael Tavares, uma postura mais discreta do parlamentar passou a ser adotada no último trimestre do ano passado. Os atos mais recentes têm demonstrado que ele prefere fazer política com sua base e arrumar menos encrenca com o governo.

Fogo amigo

No caso do fogo amigo, deputados tucanos que se queixavam bastante de Caravina na Secretaria de Governo e Gestão Estratégica, segundo apurou o Correio do Estado, estão repensando a estratégia. Talvez seja pior para eles conviver na mesma Casa com o colega que passaram o ano passado todo criticando, alguns desejando sua saída do Executivo.

É que, embora todos sejam do mesmo partido, Pedro Caravina é claramente mais próximo de Riedel que seus colegas de partido. Não que isso signifique algum privilégio em termos de verbas, mas, em termos de acesso, não há como negar: quando Riedel era secretário de Infraestrutura de Reinaldo Azambuja, Caravina era seu subsecretário.

Quando Riedel tomou posse, Caravina, que havia sido prefeito de Bataguassu, apenas foi empossado deputado, mas nem sequer começou o ano legislativo trabalhando como parlamentar. Foi logo para uma das principais pastas do governo Riedel, trabalhando praticamente na antessala do governador.

Agora, caso vá mesmo para a Assembleia, tem tudo para continuar sendo um dos principais nomes da confiança de Riedel na estrutura política atual. Delegado com carreira na Polícia Civil, tem experiência em informação e contrainformação e tem tudo para deixar seu adjunto na Segov: Frederico Felini, nome que tem sido muito bem avaliado por Eduardo Riedel.

Com a provável ida de Caravina à Assembleia, João César Mattogrosso, suplente do PSDB, fica sem mandato. Em 2023, ele renunciou ao mandato de vereador para assumir o cargo de deputado. Agora, porém, ainda não há lugar definido para ele no governo.

SAIBA

O governo de Eduardo Riedel (PSDB) tem uma base ampla e muito sólida na Assembleia. Dos 24 deputados estaduais que compõem a Casa, 22 integram a base do governo, com partidos que estão representados na Governadoria ou mesmo que tem votado com a administração de Riedel. A base vai do PL, de Coronel David, ao PT, de Zeca do PT. Atualmente, João Henrique Catan (PL) é quem tem feito a oposição mais estridente.

Fonte: Correio do Estado