O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, detalhou a dinâmica da fuga de dois detentos da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, nesta quinta-feira (15).

Ele disse em entrevista que houve uma série de falhas e erro no projeto de construção do presídio.

Os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Segundo as investigações, eles são ligados ao Comando Vermelho.

De acordo com as investigações, os fugitivos estava em celas distintas e conseguiram sair através dos buracos das luminárias de cada cela. Ao adentrarem em um shaft (duto) destinado à manutenção do presídio, onde estão localizadas máquinas e tubulações, alcançaram o teto do sistema prisional, que estava desprovido de grade, laje e sistema de proteção.

“Isso tem uma questão do projeto. Quem fez o projeto deveria ter imaginado que a proteção deveria ser mais eficiente”, disse.

Segundo o ministro, o presídio estava passando por uma reforma interna, havendo operários e ferramentas que possivelmente estavam espalhadas e ao alcance dos fugitivos. Na sua visão, as ferramentas não estavam devidamente acondicionadas.

Após saírem das celas, encontraram um tapume de metal que protegia o local com o material.

“Este tapume pode ser facilmente ultrapassado, fizeram uma brecha, ultrapassaram o tapume e, com alicate que corta arame, cortaram as grades que os separavam do mundo exterior”, disse o ministro.

O ministro disse que havia defeito também na construção do presídio. Isso porque a luminária não estava protegida por concreto, estava apenas com alvenaria. Além disso, o ministro esclareceu que algumas câmeras de vigilância não estavam funcionando adequadamente, assim como algumas lâmpadas.

Embora o inquérito policial ainda esteja em andamento, Lewandowski esclareceu que a fuga dos detentos foi ocasionada por uma combinação de fatores.

Ainda não há informações se houve ajuda de agentes penitenciários, de outros funcionários ou pessoas de fora na fuga. As hipóteses estão sendo investigadas, mas já há consenso de que houve falha na inspeção.

Veja o que disse o ministro sobre o que aconteceu em Mossoró, segundo investigação.

– Estado da apuração: “Não temos ainda todas as informações, o inquérito policial está em andamento. Houve uma série de fatores que causou a fuga dos dois detentos. É como uma queda de avião, não tem uma causa só.”
– Quando a fuga ocorreu: “A fuga ocorreu numa terça-feira de Carnaval, então, as pessoas estavam mais relaxadas do que o normal.”
– Obra: “O presídio estava passando por uma reforma interna. Havia operários, ferramentas existiam lá dentro. Iinfelizmente, não estavam devidamente acondicionadas, estavam espalhadas pelo presídio, ao alcance das pessoas que realizaram as fugas.”
– Falha em projeto: “Verificamos também que havia defeito também na construção do presídio. Houve uma fuga pela luminária da cela e, em vez de esta luminária estar protegida por concreto, estava apenas com alvenaria.
Quando os detentos saíram pela [fenda da] luminária, entraram no local que se faz a manutenção do presídio, onde estão as máquinas, tubulações. De lá, conseguiram atingir o teto e ali não tinha grade, não tinha nada de proteção. É um problema de projeto, quem fez o projeto deveria ter imaginado que a proteção deveria ser mais eficiente.”
– Ferramenta; “Quando os criminosos ultrapassaram esse local, encontraram as ferramentas e se depararam com um tapume de metal, que estava protegendo a reforma. Este tapume pode ser facilmente ultrapassado. Fizeram uma brecha, ultrapassaram e, com alicate, cortaram as grades que os separavam do mundo exterior.
Houve a utilização das ferramentas que estavam sendo usadas nas obras.”
– Falha no monitoramento: “É verdade que outro fator que contribuiu é que algumas câmeras não estavam funcionando adequadamente, assim como algumas lâmpadas não estavam.”

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO