Após ser capturado pelas equipes da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) nesta manhã, Leonardo da Silva Lima, de 38 anos, confessou que matou a companheira Joelma da Silva André, de 33 anos, por ciúmes.

O homem, que era convivente da vítima há quatro anos, não aceitava o fim do relacionamento, e suspeitava que a vítima estava se envolvendo com outra pessoa. Joelma morreu com nove facadas, sendo três delas no rosto, cinco nas costas e uma no tórax, considerada a fatal.

O crime aconteceu nas primeiras horas desta quarta-feira (21), em uma residência no Bairro Indubrasil, em Campo Grande.

Bastante abalada durante a coletiva de imprensa, a delegada Analu Lacerda Ferraz esclareceu os fatos, utilizando informações colhidas nos depoimentos prestados por Leonardo, os filhos de 7 e 13 anos da vítima, que presenciaram o crime, e vizinhos da família.

No início da madrugada, Leonardo foi até a residência, onde teve uma discussão com a vítima. A filha mais velha de Joelma, de 16 anos, tentou intervir, mas foi agredida pelo homem, que pediu que ela saísse. Então, deixou o local e foi dormir em seu quarto, que fica em um anexo.

Além da mais velha, outros dois filhos da vítima presenciaram as brigas e o crime.

Um deles afirmou que, quando a primeira discussão acabou e o homem finalmente deixou o local, a mãe teria dito “ele vai voltar aqui e vai me matar”.

E foi assim que sucedeu.

Nas primeiras horas da manhã, o homem retornou à residência e deu início a uma nova discussão. Ele chegou a anunciar que cometeria o crime antes de se dirigir à cozinha para pegar a faca e fazê-lo.

“O filho de 7 anos estava do lado da mãe no momento da morte, foi ouvido nesta manhã e relatou com detalhes toda a dinâmica do fato”, disse a delegada.

Ao fugir da residência, o homem percorreu mais de 7 km até ser identificado pelas equipes policiais que faziam busca na região e preso em flagrante. Ele carregava itens de higiene pessoal e roupas, e estava prestes a trocar as vestimentas para dificultar o reconhecimento quando foi pego.

Durante o depoimento, ele confessou o crime.

“Ele não demonstrou arrependimento nenhum do que fez. Ele disse que era inadmissível que ela tivesse uma outra pessoa, e por isso a matou a facadas. Ele negou o uso de substância química, afirmou apenas que havia feito o consumo de bebida alcoólica, e em pouca quantidade”, revelou Analu Ferraz.

Os cinco filhos da vítima, de 16, 13, 7, 3 e 1 ano, sendo os dois mais novos filhos também do feminicida, ficarão sob tutela da avó materna. Segundo a delegada, eles já estão recebendo apoio psicológico. Além disso, serão incluídos nos projetos “Acolhida”, do Governo do Estado, e “Órfãos do Feminicídio”, da Defensoria Pública.

NÚMEROS

Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontam que quatro mulheres foram vítimas de feminicídio, entre 1º e 21 de fevereiro de 2024, em Mato Grosso do Sul.

Este é o primeiro feminicídio do ano em Campo Grande. Em 2023, 31 mulheres foram mortas no Estado.

O primeiro feminicídio do ano ocorreu em 3 de janeiro, quando Luciene Braga, de 50 anos, foi morta a pauladas pelo marido Airton Barbosa Louriano, de 45 anos, em Sidrolândia.

O autor já possuía oito passagens criminais por violência doméstica. A vítima possuía medida protetiva de urgência em desfavor do agressor.

O segundo feminicídio do ano ocorreu em 12 de janeiro, quando Maria Rodrigues da Silva, de 66 anos, foi morta a facadas pelo ex-marido, A. O., de 69 anos, em São Gabriel do Oeste, município localizado a 119 quilômetros de Campo Grande.

O terceiro feminicídio ocorreu em 21 de janeiro, quando Marta Leila Silva Neto, de 36 anos, foi morta a facadas pelo namorado, S.N.D.O, de 56 anos, em Coxim, município localizado a 253 quilômetros de Campo Grande.

DENUNCIE!

Violência contra mulher deve ser denunciada em qualquer circunstância, seja agressão física, psicológica, sexual, moral ou patrimonial.

Os números para denúncia são 180 (Atendimento à Mulher), 193 (Polícia Militar) e 153 (Guarda Civil Metropolitana).

O sinal “X” da cor vermelha, escrita na mão, significa que a vítima quer alertar que sofre violência doméstica. Portanto, o cidadão deve ficar atento, acolhê-la e acionar as autoridades.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO