O tabuleiro da sucessão campo-grandense fica mais agitado a cada dia. À medida que se aproxima a realização das convenções para escolha das chapas e candidaturas, os principais partidos enfrentam naturais desafios políticos, sobretudo em relação às alianças e sobre quem recairá o precioso apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Neste final de semana correm fortes rumores sobre um entendimento para que Bolsonaro adote a pré-candidatura de Beto Pereira (PSDB), o que o alijaria dos palanques bolsonaristas, um já definido, o da prefeita Adriane Lopes (PP), e outro ainda no vácuo das incógnitas, exatamente no PL, que é a legenda do ex-presidente.
Para avançar no propósito de levar Jair Bolsonaro ao seu palanque, o governador Eduardo Riedel e o ex-governador Reinaldo Azambuja, ambos do PSDB, foram conversar com Bolsonaro e com o presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto. Ainda que tenha considerado interessante a proposta, o ex-mandatário condicionou o acordo à palavra final da senadora Tereza Cristina (PP). Mesmo em viagem aos EUA, a ex-ministra avisou: a candidata de Bolsonaro continua sendo Adriane Lopes, com ou sem apoio do PL. Para completar, o ex-governador André Puccinelli, que desistiu de disputar a prefeitura para reforçar o palanque de Beto Pereira, foi curto e objetivo ao analisar as movimentações: “O Bolsonaro vai apoiar aqui quem a Tereza Cristina indicar”.
SEM TEREZA
O PSDB não desconhecia que a principal interlocutora do ex-chefe da Nação em Mato Grosso do Sul é Tereza Cristina. Desta forma, mesmo com a boa receptividade de Bolsonaro e Costa Neto, as lideranças tucanas não queimaram a etapa mais importante, que seria incluir no ambiente das conversas e decisões a senadora do PP. Não por acaso, Tereza Cristina foi incisiva, decretando não haver qualquer chance de o PP abrir mão de sua candidata em Campo Grande. “Nada muda. Não temos plano B. Nosso plano é o A. A candidata do PP é a Adriane Lopes, com PL ou sem PL. O plano do PP é a candidatura da Adriane Lopes e não existe outra tratativa”, arrematou a senadora. Ela já havia demonstrado contrariedade quando soube da reunião entre tucanos e a cúpula do PL: “Não conversei com ninguém sobre esta tratativa. Fiquei sabendo pelo Valdemar, mas não participei e não posso falar nada até que eu converse com os envolvidos”.
FANIQUITOS
As notícias que amanheceram nesta sexta-feira dando conta de um suposto progresso nas conversas para Beto ganhar o apoio de Bolsonaro fizeram os bolsonaristas radicais subir nas tamancas.
O movimento de Bolsonaro contrasta com as manobras de um dos que lucra com narrativas extremistas, o deputado federal Marcos Pollon (PL/MS). Ele que já empunhou um facão e uma melancia em um dos eventos extremistas e fez uma cena dramática que faria Ésquilo revirar-se no túmulo, a fim de execrar os militantes que não seguem seus princípios partidários. Em março, com um golpe, Pollon cortou a fruta ao meio e disparou: “Melancia no PL é só na mesa”.
A melancia é a fruta usada no PL para simbolizar militantes ou políticos que se dizem de direita, mas guardam posições de esquerda.
Em outro evento, Pollon cometeu outro barbarismo de conhecimento político-ideológico. Em entrevista, afirmou sem ficar ruborizado: “O PSDB é um partido social-democrata. Muitas pessoas dentro do PSDB apoiam o Bolsonaro. Eu respeito essas pessoas, mas o partido em si é de esquerda. Isto fica claro. Social-democracia é esquerda. E nós não nos juntaremos a partidos de esquerda”, enfatizou. E para coroar a desastrada alocução, Pollon – que é advogado – fez uma analogia das mais infelizes para reforçar sua posição: “Se minha mãe for candidata pelo PSDB, ela não vai ter meu voto, nem meu apoio”.
FONTE: MS NOTICIAS