No primeiro semestre deste ano, foram registrados 145 ocorrências de golpes registrados contra idosos na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Relação de Consumo (Decon) e, em grande parte das vezes, o golpe foi aplicado por parte de um familiar da vítima, segundo o delegado Reginaldo Salomão.
Dentre os principais registros, estão situações como retenção de cartão ou estelionato, mas há os mais diferentes formatos de golpes.
“Se desconfiar que está sendo lesado, procure a delegacia”, pontua o titular da Decon.
O número de golpes pode ser ainda maior do que o registrado, levando em conta em grande parte dos casos, a vítima não denuncia.
O especialista em finanças, Luis Serrano, lembra que, para além do núcleo familiar, os bancos e financeiras também se aproveitam do nível de conhecimento dos idosos para vender produtos e serviços.
Por isso, a recomendação é buscar orientação qualificada para evitar comprometimento emocional e financeiro nas relações com o dinheiro.
Orientação é fundamental
No Procon de Mato Grosso do Sul, dos atendimentos realizados de janeiro até 25 de julho, 22% foram de pessoas idosas.
A principal queixa é referente a serviços financeiros como os cartões de crédito, débito, de loja, crédito consignado e seguros.
O aposentado Onivaldo Zanetti, 70 anos, é uma das pessoas que recebe diversas ligações por dia de golpistas que se passam por instituições financeiras a fim de roubar dados ou enganar a vítima para receber valores. Ele, no entanto, está ciente de seus direitos e também orienta pessoas que passam pela mesma situação.
“Tem que desligar e pedir o bloqueio. Banco não liga para a gente e nem pede dados por telefone”, aconselha.
Visando atender esse público vulnerável, o secretário-executivo do Procon/MS, Angelo Motti, anunciou que haverá uma sala no atendimento presencial dedicada a tratar os casos mais complexos de golpes a idosos, a fim de humanizar a atenção prestada. “Precisamos mudar como vemos a pessoa idosa”, disse.
O defensor público e coordenador do Núcleo de Promoção e Defesa do Consumidor e Demais Matérias Cíveis Residuais (Nuccon), Carlos Eduardo Oliveira de Souza, afirma que a orientação e conscientização das pessoas sobre seus direitos é a melhor forma de evitar golpes.
Segundo ele, com a informação, as vítimas são capazes de identificar situações de abuso e adotar a resposta “não” quando forem compelidas a emprestar seus dados e cartões para compras de familiares e terceiros em seu nome.
Como denunciar
Para o suporte, informação e registro de denúncias sobre violações de direitos há uma rede de apoio disponível por meio do Disque 100 (nacional) e Disque 181 (estadual).
Nos casos que envolvam relações de consumo, as pessoas idosas podem ligar no Disque Denúncia 151.
FONTE: CORREIO DO ESTADO