Na investigação a Polícia Federal não detalha qual seria o motivo da morte, mas segundo informações obtidas pelos agentes, Líder seria ex-funcionário dos irmãos Martins.
“Líder Ramón consta como contato e aparece como motorista em relação de cargas de soja entregues pela empresa Agro Canaã no Paraguai, no primeiro semestre de 2022”.
Líder Ramón foi morto no dia 24 de agosto de 2022, atingido por três tiros (um na cabeça, um no braço e outro na mão), segundo sites paraguaios. O corpo estava em uma região desabitada de Arroyito e, segundo a perícia, ele não foi morto naquele local, mas sim levado para ele após sua morte.
Conforme a PF, além da conversa entre Valter e Mario, há outros indícios que levam a crer que os irmãos Martins seriam os contratantes dos pistoleiros que mataram Líder, entre eles está conversas dos irmãos com outros dois homens, os paraguaios Walter Ramón Duarte Espínola, e Carlos Enrique Centurión Sosa, que também foram apontados como executores do crime.
“Foram localizados também contatos com os supostos executores do crime e diálogos pelo aplicativo Threema em que falam sobre o custeio de advogado para estes. Isso é mais um elemento que dá certeza de que os irmãos Valter e Marcel estão ligados diretamente a assassinatos no contexto maior da atividade de narcotraficância”, afirmou a PF em trecho da investigação.
Um dia após o crime, Mario, Walter e Carlos Enrique foram presos pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai, ainda em Arroyito. Com eles foram encontradas quatro caminhonetes, dois rifles calibre 38, duas escopetas calibre 12, dois revólveres de calibres 38 e 44 e duas pistolas calibre 9mm, além de carregadores e munições de vários calibres.
TRÁFICO
Os irmãos Martins foram alvos da Operação Prime, da PF e que mirou, além deles, em outros dois grupos que faziam tráfico de cocaína e que utilizavam doleiros da fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, para lavar o dinheiro fruto das atividades criminosas.
Conforme a investigação, os dois teriam como fornecedor o traficante Antônio Joaquim Mota, conhecido como “Motinha” ou “Dom”, e tinham a pretensão de expandir os negócios, com envio da droga para a Europa.
Segundo apurado pela PF, o grupo exportava cocaína da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai para Curitiba (PR), cidades de Santa Catarina, Rio de Janeiro (RJ) e municípios do Rio Grande do Sul, porém, o objetivo já era de ampliar esses mercados.
“Aponta-se como possível destino da remessa a Espanha. Verifica-se que ‘Gamer’ [um dos intermediários que cuidava da logística da quadrilha] mencionou que estaria em Campo Grande prestes a encontrar-se com o ‘mano’ do interlocutor. Afirmou Gamer ter contatos nos portos de Roterdã, bem como nos portos de Barcelona, Valencia e Málaga, deixando claro que ‘na Espanha, nós dominamos’”, diz trecho da investigação da PF, conclusão feita a partir de conversas entre os irmãos e esse interlocutor.
Ainda conforme a Polícia Federal, a investigação descobriu que a ideia dos irmãos era utilizar o porto de Porto Alegre e o porto de Paranaguá, através de navio de transporte de grãos, para fazer a cocaína chegar na Espanha. A ideia, porém, era levar a drogas em quantidades não superiores a 100 quilos.
A ampliação dos negócios, no entanto, teriam sido interrompidas pela PF, que prendeu Marcel, em Dourados, durante a operação. Valter Ulisses Martins, no entanto, estavam na fronteira e conseguiu fugir para o Paraguai.
Saiba
O Correio do Estado mostrou que a quadrilha comandada pelos irmãos tinha um sofisticado sistema de acompanhamento da droga traficada para cidades das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Caminhonetes e caminhões que traficavam cocaína a partir de um depósito logístico na Capital e também da fronteira, em Dourados e Ponta Porã, eram rastreados via satélite.