“Conforme os arquivos de troca de mensagens analisados, este método foi utilizado para a entrega de U$ 310 mil pelo operador Hector ao funcionário indicado por Dom (nominado Virgílio), por ordem de Valter. O procedimento é explicado na própria conversa entre Valter e Hector”, diz trecho da investigação.
“No backup da nuvem também foi encontrada fotografia de uma nota de 10 soles (moeda peruana), em que foram associados ao número de série outros números aparentemente manuscritos, possivelmente encaminhada pelo suposto fornecedor peruano do entorpecente ‘Parce’ a Valter, para viabilizar um pagamento”, completa a investigação.
INVESTIGAÇÃO
De acordo com a investigação da PF, que culminou na Operação Prime, realizada em maio deste ano, Marcel e Valter Ulisses eram os líderes de organização criminosa que atuava no tráfico de armas e de cocaína da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai para Curitiba (PR), cidades de Santa Catarina, Rio de Janeiro (RJ) e municípios do Rio Grande do Sul.
Os dois residiam em Dourados, porém, o mais novo, Valter, seria quem teria contato com traficantes de outros países e quem cuidava dos negócios ilícitos da família, enquanto Marcel passava uma fachada de empresário e cuidava da lavagem de dinheiro por meio de empresas, conforme identificou a PF.
A quadrilha dos irmãos Martinhs tinha um patrimônio estimado em R$ 50 milhões. Eles usavam empresas em Dourados e doleiros paraguais para fazer a lavagem dos recursos vindos do tráfico.
No caso das armas, segundo o delegado da PF, Lucas Vilela, que coordenou a Operação Prime, as armas vinham do Paraguai, mas a polícia ainda apura a origem do armamento. De lá elas seguiam para facções criminosas.
“A chegada das armas, ao que tudo indica, era pelo Paraguai. A gente não conseguiu identificar os destinatários, os clientes do grupo, mas tem clientes no Rio de Janeiro, Curitiba (PR), Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, declarou o delegado ao Correio do Estado, em maio deste ano.
A PF não informou quais são as armas que entraram ilegalmente e que são repassadas para as quadrilhas. No entanto, durante as operações realizadas em maio, que mirou o grupo, foram apreendidas duas submetralhadoras, uma espingarda calibre 12, um revólver e cinco pistolas, além de munições.
EXECUÇÃO
Matéria do Correio do Estado, publicada nesta segunda-feira (15) mostrou que investigação da Polícia Federal identificou que os irmãos Martins seriam também os mandantes do assassinato de Líder Ramón Ruiz Díaz Recalde, de 29 anos, que foi executado em agosto de 2022, na cidade de Arroyito, localizado no departamento de Concepción, próximo a Pedro Juan Caballero, na fronteira com MS.
Conversa entre Mario David Distefano Freitas e Valter Martins mostra que o irmão mais novo teria pedido para o funcionário “liquidar” o desafeto.
Líder Ramón foi morto no dia 24 de agosto de 2022, atingido por três tiros (um na cabeça, um no braço e outro na mão), segundo sites paraguaios.
Um dia após o crime, Mario, Walter Ramón Duarte Espínola e Carlos Enrique Centurión Sosa foram presos pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai, ainda em Arroyito, suspeitos de praticarem o crime.
Saiba
Marcel Martins e Valter Ulisses Martins tiveram mandado de prisão emitido, mas apenas o primeiro foi preso.