Nos últimos dias, os campo-grandenses se depararam com uma série de incêndios em diversas áreas da cidade. A Capital já soma 670 queimadas urbanas, até essa segunda-feira, dia 29 deste mês, segundo o levantamento do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS). Ou seja, em média, 3,1 incêndios acontecem em Campo Grande diariamente.
Em janeiro, 65 queimadas foram registradas na Capital, em fevereiro, foram 57 ocorrências atendidas pelos bombeiros, em março, 69 incêndios e em abril, 48. Os índices começaram a aumentar em maio, com 127 ocorrências, junho teve 152 queimadas e este mês, até essa segunda, foram 152 incêndios.
Mesmo com 670 ocorrências, este ano houve uma queda nos índices de queimadas em Campo Grande. Os dados do Corpo de Bombeiros apontam que, de janeiro a julho de 2023 foram 877 incêndios urbanos, em 2022 foram 1.233 ocorrências e em 2021 foram 1.412 casos.
O Corpo de Bombeiros informou em nota que a queda é um reflexo do trabalho de conscientização da população a respeito dos incêndios em vegetação, terrenos baldios e demais áreas, e os malefícios que essas ações causam à saúde, fauna e flora.
“Acreditamos que isso, de alguma forma, tem ajudado a diminuir os casos, apesar do número de ocorrências ainda ser alto”, pontuou o CBMMS.
A entidade destaca ainda que o uso do fogo para queimadas urbanas é crime, e está previsto na Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e de acordo com o Código de Polícia Administrativa do Município, previsto na Lei n° 2.909, o fogo não pode ser utilizado nem para fins de limpezas de terreno, e nesses casos a multa pode variar entre R$ 2.944,50 e R$ 11.778,00, dependendo da área afetada.
QUEIMADAS
Na última sexta-feira (26), um incêndio de grandes proporções atingiu casas da aldeia urbana Água Bonita, e algumas famílias passaram o final de semana no ginásio Tarsila do Amaral. O fogo começou em uma área de vegetação ao lado da comunidade.
Aliscinda Tibério, cacica da aldeia Água Bonita, relatou ao Correio do Estado que o fogo começou em torno de 11h da manhã, atrás de uma creche que fica distante do local. Ela comenta que chamaram o Corpo de Bombeiros, mas o incêndio estava muito intenso, e tiveram que solicitar reforços.
“Nós indígenas estamos tentando preservar essa mata que nós temos aqui, que sempre tentaram colocar fogo, mas sempre nós apagamos o fogo e não precisamos chamar os bombeiros, mas dessa vez nós chamamos, por necessidade, porque o foco foi muito forte”, relata a cacica.
Apenas este ano, moradores da aldeia relatam que tentaram colocar fogo na mata que fica nos arredores do local, de três a quatro vezes. Algumas famílias, que moram na “beirada” da aldeia e ainda viviam em barracos, foram atingidas pelas chamas.
“No que que a gente pensou? Nas famílias que estão nos barracos, que estão na beirada aqui, aguardando a moradia, foram atingidas. Não chegou a queimar (tudo), alguns perderam alguns materiais, mas teve um que perdeu tudo”, disse Aliscinda.
Essas famílias atingidas, crianças e idosos, foram encaminhados para abrigos, como o ginásio Tarsila do Amaral, devido também a fumaça que estava no local, que causou a internação de dois bebês e uma idosa.
O Tenente Tomazini, que atendeu a ocorrência, informou que priorizaram a proteção das casas, pois quando chegaram no local o fogo já estava muito próximo das residências. O bombeiro pontuou que não tem como precisar o horário que começou o incêndio, e as causas do mesmo.
No entanto, este não foi o único incêndio urbano em grandes proporções que atingiu a Capital nos últimos dias. Na quinta-feira (25), uma queimada devastou seis hectares de vegetação no bairro Chácara Cachoeira, e ficou próximo de um condomínio residencial.
Já no final de semana, incêndios foram vistos em diversas áreas da Capital, entre elas, em um terreno na Avenida Rita Vieira, no sábado (27), e no domingo, no bairro Jardim Tarumã. Outra queimada urbana atingiu uma área do bairro Jardim Anache, nesta segunda-feira (29).
O bombeiro militar, Tenente Tomazini, disse que deve ser evitado o uso do fogo, devido ao clima favorável à propagação de incêndios. “Que se evite ao máximo o uso do fogo para limpeza de terreno, limpeza de pastagem, para queimar lixo, essa é a orientação”, pontua.
CLIMA
O clima seco é um dos fatores que facilitam a propagação do fogo. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), neste domingo (28), sete cidades de Mato Grosso do Sul estavam entre as mais secas do país, e a umidade do ar segue em alerta laranja, de perigo, próxima de 10%.
Aquidauana foi a segunda cidade do país com menor umidade do ar, de 13%. No entanto, Corumbá, Coxim e Nhumirin (no Pantanal), também registraram apenas 13% de umidade. Campo Grande foi a 13ª cidade mais seca do Brasil no domingo, com 15% de umidade do ar. (Com informações João Gabriel Vilalba).
Saiba
O Corpo de Bombeiros orienta que as pessoas façam denúncias de queimadas urbanas através dos números 193, do CBMMS; 153 da Guarda Civil Metropolitana e 156, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur).
FONTE: CORREIO DO ESTADO