Carlos Coronel, goleiro sul-mato-grossense naturalizado paraguaio de 27 anos, foi convocado mais uma vez para representar a seleção “albirroja” nesta data FIFA de outubro e viu, do banco, o Paraguai conquistar quatro de seis pontos possíveis nos últimos dois jogos e entrar na zona de classificação direta para a Copa do Mundo de 2026.
No último dia 10, a seleção paraguaia empatou em 0x0 com o Equador, uma das melhores colocadas na classificação geral. Nesta partida o goleiro titular do Paraguai foi o veterano e conhecido da torcida brasileira Gatito Fernández, de 36 anos.
Na rodada seguinte, disputada nesta terça-feira (15), em Assunção (PY), a albirroja enfrentou a Venezuela e venceu de virada por 2×1, com dois gols do centroavante Sanabria, atacante titular da equipe italiana Torino e que entrou durante a partida no lugar de Isidro Pitta, atual 9 titular do Cuiabá. Novamente, Gatito foi o escolhido para defender o gol paraguaio.
Com os resultados adquiridos nesta data FIFA de outubro, o Paraguai está na sexta colocação com 13 pontos, ou seja, se as eliminatórias terminassem neste momento, a albirroja estaria classificada diretamente para a próxima Copa do Mundo, que será realizada nos três países da América do Norte (EUA, México e Canadá).
A seleção paraguaia não vai a uma Copa do Mundo desde 2010, quando também teve sua melhor participação da história da competição, sendo eliminada somente nas quartas de final para a que seria campeã posteriormente, a Espanha, pelo placar mínimo de 1×0. Ao todo, o Paraguai participou de oito mundiais e serão um dos seis países-sedes da Copa de 2030, que será a primeira disputada em três continentes (América do Sul: Argentina, Uruguai, Paraguai; Europa: Portugal e Espanha; África: Marrocos).
Confira a classificação atual das Eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2026:
Segundo o Transfermarkt, site especializado em valores dos jogadores profissionais, Carlos Coronel é avaliado em 1 milhão de euros (R$ 6,16 milhões, na cotação atual). Titular do NY Red Bulls, Coronel disputou 26, sofreu 41 gols e em apenas quatro jogos segurou o famoso “clean sheet” – quando o time não toma nenhum gol durante a partida – de 33 jogos possíveis na atual temporada da Major League Soccer (MLS), liga norte-americana de futebol.
Outras convocações
No dia 6 de setembro, o Paraguai empatou sem gols contra o Uruguai, fora de casa, em partida que marcou a despedida do goleador Luis Suárez da seleção celeste. Neste jogo, o goleiro titular da albirroja foi novamente o Gatito Fernández, que defende as cores do Botafogo desde janeiro de 2017, enquanto Coronel ficou no banco.
Posteriormente, no dia 10, Coronel viu do banco a seleção paraguaia fazer história e vencer a seleção brasileira pela primeira vez após 16 anos. Este resultado gerou críticas pesadas ao técnico Dorival Júnior e ao elenco do Brasil, do qual muitas mídias colocaram a derrota como “vexatória” na história da seleção canarinho.
Na Copa América deste ano, que aconteceu em junho e julho, Carlos também foi convocado pelo técnico Daniel Garnero para a disputa da competição. Porém, em três jogos da seleção paraguaia no torneio continental (incluindo uma derrota de 4×1 diante do Brasil), o murtinhense acabou sendo reserva em todos.
Ao todo, Coronel tem nove partidas com a camisa vermelha e branca, sendo seis em 2023 durante as eliminatórias e mais três neste ano em junho, em amistosos oficiais. Hoje, é goleiro titular do NY Red Bull (EUA) e, desde o término da Copa América, foi titular em seis das sete partidas que a equipe disputou.
Trajetória – Carlos Coronel
Carlos nasceu no dia 29 de dezembro de 1996, em Porto Murtinho, mas com mãe paraguaia. Ele nunca jogou profissionalmente no Brasil, mas já passou por times de base nacionais, como o Red Bull Brasil sub-20, de Campinas. Também já foi aprovado em uma peneira no São Paulo, mas foi dispensado logo depois.
“Eu tinha uns 15 anos quando fiquei um mês em Cotia no CT e fui aprovado, mas depois fui dispensado. O motivo exato (da dispensa) eu não consigo te dizer. Talvez tenha acontecido algo entre o meu representante na época e algum diretor do São Paulo”, disse Carlos ao canal de esportes ESPN.
Depois disso, Carlos passou por Desportivo Brasil e Paraná até chegar ao Red Bull Brasil, em 2011. Antes mesmo de estrear no profissional, ele mudou-se para o Red Bull Salzburg e foi cedido por três temporadas ao Liefering, clube satélite que disputava a segunda divisão austríaca à época.
“Era a sede do projeto e viajava bastante para acompanharem meu desenvolvimento. Foi bem importante porque precisava de um tempo para me adaptar ao estilo de jogo, língua e cultura diferentes. É tudo muito parecido com o time principal, se você estiver pronto, sobe”.
Com atuações de destaque, o brasileiro foi incorporado ao elenco principal do Salzburg, mas não teve espaço no time titular nos anos seguintes. Por isso, foi emprestado em 2019 ao Philadelphia Union e ao Bethlehem Steel, ambos dos EUA.
O goleiro voltou ao Salzburg depois que o titular se machucou em um acidente de moto. O brasileiro passou a revezar no banco de reservas até receber uma chance contra o Napoli pela Liga dos Campeões. Ele entrou no segundo tempo na vaga do lesionado Stankovic na derrota por 3 a 2 para os italianos.
“Foi uma coisa que aconteceu muito rápido. É a maior competição de clubes do mundo, todos acompanham. Foi um grande feito na minha carreira e espero jogar mais jogos pela Champions”.
O brasileiro fez mais oito jogos na temporada, incluindo outros dois duelos pela Liga dos Campeões: vitória sobre o Genk por 4 a 1 e o empate por 1 a 1 com o Napoli – ao lado de Erling Haaland, atualmente no Manchester City. Após começar a temporada 2020-21 como reserva outra vez, Carlos resolveu mudar de ares e se transferir para o NY Red
Nas duas temporadas pela equipe norte-americana, ele foi titular absoluto e conseguiu chegar aos playoffs da MLS. O goleiro já enfrentou Messi em partida em outubro do ano passado, mas não foi o único grande atacante que já enfrentou. Já teve o gosto de enfrentar alguns grandes atacantes em amistosos contra Liverpool e Real Madrid.
“Contra o Liverpool senti um pouco mais de pressão porque tinha Mané, Salah e Firmino no auge depois de vencerem a Champions. Foi bem especial. Joguei também contra o Benzema e fiz algumas defesas. São experiências que agregam muito”.
Também participou de um amistoso pelo NY Red Bulls contra o Barcelona, que terminou com derrota por 2 a 0.
“O mais complicado foi o Lewandowski porque ele se posiciona muito bem. Você tenta ler a situação e muitas vezes ele se movimentava muito. Toda bola aérea ele ganhava”.
FONTE: CORREIO DO ESTADO