Com um território maior que Portugal, o Pantanal sul-mato-grossense ocupa 27% de todo o Estado de Mato Grosso do Sul, com aproximadamente 98 mil km² de extensão – contra 92 mil km² de Portugal. Se comparado a outros países, a diferença fica maior ainda, com a porção do bioma em Mato Grosso do Sul equivalente a três Bélgicas – nação sede do parlamento europeu e que tem pouco mais de 30 mil km² de extensão.

O bioma se mostra desafiador diante de tais comparações, que levam em consideração apenas a porção sul-mato-grossense – o vizinho Mato Grosso possui os outros 35% do território pantaneiro. E como já dito, as dimensões do Pantanal exigem desafios à altura, como bem sabem o homem e a mulher pantaneira, que atravessam a região por horas de barco.

De Corumbá, a cidade mais ao oeste do Estado e que faz fronteira com a Bolívia, uma viagem de barco para a Serra do Amolar, mais ao norte e ainda no Mato Grosso do Sul, pode durar mais de cinco horas para superar 290 km. Localizada no noroeste do Estado, a Serra do Amolar é um dos locais mais isolados, mas não é o único no Pantanal.

O nordeste do bioma também é uma área de difícil acesso, tanto que no trabalho de combate aos incêndios florestais foi ali que a maioria das 13 bases avançadas do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul foram instaladas, em fazendas particulares ou em áreas e unidades de conservação pública ou privada – 70% do Pantanal sul-mato-grossense está em áreas privativas.

Os desafios nesta época de escassez hídrica exige o esforço incansável dos combatentes contra o fogo. Desde abril deste ano, estão sendo empregados 446 bombeiros militares do Estado, 82 militares da Força Nacional, 233 brigadistas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), além de militares da Marinha, Exército e Aeronáutica.

O esforço ainda conta com equipamentos por terra, água e ar: são 11 aeronaves, incluindo Air Tractors do Governo do Estado e do Ibama, helicópteros também do Estado, outros do Exército, e o cargueiro KC-390 da Força Aérea Brasileira. Um avião Cougar, do Exército Brasileiro, um navio patrulha, quatro embarbações e cinco viaturas da Marinha completam a lista.

O comandante do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, coronel Frederico Reis Pouso Salas, observa que o trabalho de combate ao incêndio se desenvolve de maneira integrada.

“O grande desafio do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul é a dimensão do território do Pantanal. O bioma pantaneiro tem dimensões gigantes e possui dois grandes desafios. Primeiro a logística com a locomoção no terreno pantaneiro. O segundo é a permanência do combatente, do homem e da mulher na linha de frente aos incêndios. O reforço das Forças Armadas, por meio do Ministério da Defesa, facilita esses dois grandes desafios, fora o apoio da sociedade que vive na região pantaneira e também da Força Nacional”, justifica.